Hoje eu sorri pro mundo e ele não me sorriu de volta. Pensei que o mundo poderia estar zangado com tantas agressões que o bicho-homem tem feito a ele. Ao invés de provocar um maremoto, resolveu me fechar a cara.
Depois de um tempo segurando meu sorriso amarelo, entendi que o mundo continuava girando. O sol tinha nascido. E até a lua dava o ar da graça mesmo no dia claro. Com o mundo estava tudo bem, na medida do possível, é claro. Quem viu as rugas na testa dele fui eu. O tom de cinza era cor da minha paleta. Pintei o mundo de fuligem para não admitir que a sujeira estava em mim.
Decidi soprar bem forte para afastar a névoa que me ofuscava a visão. Um suspiro para descortinar o mundo. Tentei olhar para ele com mais amor e poesia. Consegui encontrar respostas para as minhas perguntas. Só vejo beleza quando ela está comigo.
Nem sempre as portas estão abertas. Às vezes é preciso pular muros para continuar caminhando.