Era a primeira vez que pisava ali. Não sem uma certa estranheza, tateava as paredes e olhava bem onde pisava. Queria conhecer aquele lugar tão novo. Queria guardar aquela imagem em sua mente. Doía só de pensar esquecer algum detalhe daquilo que tanto a encantava.
Rodava sua saia em movimentos de uma dança que existia apenas lá, naquele lugar. Era um ritmo novo, um novo dançar. E era uma dança contagiante, daquelas que não dá vontade de parar. E quanto mais ela girava, mais giros queria dar.
Tudo era luz. Tudo era novo. Mas tudo parecia tão parte dela quanto o pequeno travesseiro que carregava desde menina. Aquela poltrona ali no canto contava ter guardado suas tardes apegadas aos livros de contos. O abajour testemunhou inúmeras de suas noites insones. O tapete tinha a poeira de seus pés.
O criado-mudo dizia o que ela escondia em gavetas desde sempre. As cortinas cantarolavam sua música favorita. O abre-e-fecha das portas dos armários entregava medos e anseios que ela jurava sequer falar em voz alta tamanha sua vontade em escondê-los.
Tudo era novo. Muito novo. Mas a poeira do tempo encarregava-se de atestar que aquilo já existia ali antes dela. Existia antes dela, mas encontrou explicação pra sua história, com ela. Por vezes, nela.
Era a primeira vez que pisava ali. Mas parecia que nunca havia existido um outro lugar no mundo.
Um comentário:
Gostei muito daqui. O texto não poderia ser meu, é seu, mas eu já estive ali...sabe? E sim, Deus é um sádico: este é um dogmas que aceito da vida.
Infelizmente, fiz algo errado e seu comentário não foi postado no blog. Apareça de novo e, querendo, comente outras vezes.
Aliás, você podia me mandar um texto com uma experiência sua sobre a cafajestagem. Todos temos algumas.
Manda pra: nenhumdelespresta@gmail.com
Vou te recomendar outros dois blogs (faça o movimento inverso, se puder):
www.expressocomborra.blogspot.com
www.enredoenxerto.blogspot.com
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