A sua presença me traz a sensação da lembrança.
Enquanto você fala, transporto-me anos-luz e viajo no tempo. Chego ao exato momento em que eu te conhecia e você me conhecia. Não éramos estranhos como agora.
Olhar para você é como redescobrir um amigo da tenra infância. Passam-se os anos, mas alguns detalhes não negam o que o tempo não pode apagar.
Para me acostumar com a sua presença terei que redesenhar o seu rosto. Terei que criar uma nova memória de você.
Tento imaginar que gosto tem o seu beijo para me lembrar que ele já existiu. O toque que já percorreu o meu corpo em outros mundos tem agora o sabor da novidade. Amanheço feliz com o nosso encontro.
Já nem parece que sua voz é tão nova assim. Pensando bem, até reconheço essa pitada de rouquidão.
Consigo reconhecer os seus passos. O seu perfume não é um cheiro novo para mim. Lembrei-me de que toma um copo de leite antes de se deitar. É mais do que familiar a forma com que mira as páginas do livro, com os óculos um pouco abaixados, escorregando do nariz. Recordo-me do som de sua risada. E do quanto eu gosto de ouvi-la. Com um pouco de esforço, sei até qual a sua flor preferida: não gosta das rosas por causa dos espinhos, mas as gérberas, cultiva-as até em pensamento.
Estranho... acho que sei a próxima palavra que vai dizer.
Tá vendo? Acertei!
Não, não se preocupe, você não está se tornando previsível, eu é que ando me lembrando demais.
Um comentário:
Thaís não sei se pela lembrança de quando vc. era pequenininha e agora mulher feita e escrevendo tão belamente ou o " déjà vu" mexeu com minhas recordações francesas, não sei, só sei que este texto me emocionou neste final de domingo chegando de um belo banho nas cachoeiras de Pirenópolis. bj
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