quinta-feira, 6 de maio de 2010

Andar descalço por aí


Quando a gente esquece a delícia de colocar os pés diretamente sobre a grama logo cedo, quando o sereno ainda é o suor de cada folha verde que amortece o peso de nossos corpos em sua delicadeza, é hora de tirar os sapatos.

Os sapatos não nos deixam sentir o chão sob os pés. Se está quente ou frio, não sabemos. Nós nos colocamos acima do solo e nos isolamos do contato direto com o que nos estabiliza. Protegendo os nossos pés, deixamos nossas raizes de fora da terra.

Solados isolam. Não há a chance de tomarmos um choque bruto. Não há a chance de absorvermos a seiva bruta. Assim como o rabo do cachorro é o sorriso que ele pode oferecer, os pés são as asas de quem só pode voar em pensamento.

A sola do pé, raiz. A palma da mão, antena. Com-tato.

3 comentários:

nina disse...

Você é linda.
Que saudade. Um beijo.

Arthur Gouveia disse...

abre para SEGUIDORES, gata.

nina disse...

Você não vai escrever mais??