terça-feira, 31 de agosto de 2010

Poesia ao contrário


O mar que não mais beija o céu.

A borboleta que não mais pousa na flor.

A noite que não mais termina em um dia de sol.

O sono que não mais tem um guardião.

O beijo que não mais tocará os lábios.



A vírgula que não veio após o ponto.

A lua que não veio, cheia, a seu tempo.

O mundo interior que já não é mais tão lindo assim.

A alma que não mais passeia entre os corpos.


Nem todo dia se sente que o mundo deve fazer sentido. E quem disse que há sentido pra tudo?

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Dúvida

Para que colocaram no dicionário aquela palavra de três letras que termina com M, tem um I no meio, mas não começa com S?

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O abismo entre falar e ser ouvida


O silêncio traz a dimensão do infinito. É um meio de enxergar ao longe o que a percepção deixa escapar quando ficamos atordoado com estímulos sem fim. O silêncio transporta para a imensidão do desconhecido, daquilo que abrigamos em locais escuros e pouco visitados. O silêncio nos provoca, nos incita, nos excita. Um passo para transformar a imensidão em devassidão. Estar em contato com tudo o que existe de mais sagrado e mais profano em nossas mentes ocupadas apenas pela ofegância da respiração descompassada.

O silêncio é porta de saída e de entrada. É começo, meio e fim. Ficar em silêncio é uma forma de nos ouvirmos, de conversar com nossas vozes. O silêncio por ser ensurdecedor. Pode reunir sonhos, pensamentos e imaginações ao mesmo tempo. Pode ser uma balbúrdia em que não se distingue o que é, o que foi e o que nem pode ser.

O silêncio pode ser o mundo berrando para calar tudo o que existe dentro de nós. O silêncio pode ser tudo dentro de nós berrando para calar o mundo.

O silêncio pode ser a ausência absoluta. Ou a presença sufocante.

Silêncio pode ser barulho. Ou apenas, silêncio.

domingo, 1 de agosto de 2010

Nada melhor do que não fazer nada...


É incrível como a semana atribulada nos faz desejar dias de paz no fim de semana e, quando chega o sonhado descanso, uma dose de culpa pelo não fazer nada toma conta de nós. Ficar de barriga pra cima sem nenhuma obrigação é o primeiro passo para o cérebro começar a ferver com ideias para ocupar o tempo livre. Mas não era justamente de tempo livre que estávamos precisando?

A vida corrida dos dias de hoje não nos permite o nada fazer. Mesmo quando não temos nenhum compromisso ou obrigação, vamos revirando nossos arquivos mentais para descobrir alguma pendência, algum assunto importante esquecido. E é impressionante a nossa capacidade de encontrar um milhão de possibilidades que vão ocupar o tempo já não tão livre assim. E no fim das contas, o fim de semana passa voando e a sensação de que as horas foram parcas para o cansaço e para o sonhado descanso nos fazem sonhar com o próximo fim de semana.

E quando chegam os dois dias de prêmio, novamente nos esquivamos do ócio e colocamos a nostalgia da correria e a saudade da rotina para matutar novas formas de não curtir a liberdade de horários.

Não sei se o ser humano nasceu para ser uma maquininha de trabalhar. Não sei se a sociedade atual transformou a gente num robozinho que não desliga nunca. Só sei que não olhar para os relógios e desligar o celular é uma combinação que vai muito bem com uma rede. Abrir um livro gostoso, tomar um chá e simplesmente não pensar em tudo o que ficou na vida lá fora pode ser uma ótima forma de retomar as obrigações diárias com as baterias renovadas.

Se você nunca tentou, não esqueça de afrouxar um parafuso, de garantir um bom estoque de comida e de deixar uma leitura agradável ao alcance das mãos. Qualquer dificuldade para relaxar deve ser vista como um passo natural no processo. Conte carneirinhos ou preste atenção na sua respiração. Um chocolate ou uma boa companhia podem ajudar. Só lembre de ligar o despertador do celular para não achar que a segunda-feira faz parte do pacote.

E boa viagem!