domingo, 31 de maio de 2009

Tapete vermelho


Quando tudo era cimento, pétalas de rosa. Os caminhos eram floridos aos olhos de quem quisesse ver. O aroma das flores preenchiam o meu, o seu ser. Caminhávamos pelos nossos espaços comuns como fôssemos borboletas estalando-se na hora de amar. Eu, você e um mundo inteiro pela frente. Lugares, pessoas e sorrisos que ficarão na memória de um futuro que nunca chegará a ser.

A vida revela-se como um filme sem cor em que a magia do arco-íris é retirada à força. Uma poesia lisérgica me coloca num caleidoscópio e me faz rodar para formar as imagens bonitas que não consigo ver.

Estendeu-me o tapete. Quando pousei meus pés sobre o chão vermelho, uma pausa: assim não, vai sujar...

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Seguiu sendo...


E foi até quando tudo havia para ser. Aquilo que não é, não se pode ter. Pode-se, apenas, contentar-se em ter potencial, sendo aquilo que pode vir a ser, aquilo que tem uma alma e carrega uma existência única cujo papel é tão só e simplesmente, florescer.

... até não ser mais.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Vovó não quer casca de côco no terreiro, pra não lembrar do tempo do cativeiro


13 de maio
By Caetano Veloso

Dia 13 de maio em Santo Amaro
Na Praça do Mercado
Os pretos celebravam
(Talvez hoje inda o façam)
O fim da escravidão
Da escravidão
O fim da escravidão

Tanta pindoba!
Lembro do aluá
Lembro da maniçoba
Foguetes no ar

Pra saudar Isabel
Ô Isabé
Pra saudar Isabé

Passa o tempo e é o quê mesmo que celebramos? A aboliçao da escravidão que não aboliu opreconceito? A sociedade que ainda acredita em raças? Minha pele diferente da sua me faz diferente em quê?

Existe apenas uma raça, a raça humana. Eu, você, e todos as pessoas somos nada mais, nada menos do que semelhantes. Grave essa palavra: se-me-lhan-tes.

O dia em que todos nós conseguirmos olhar nos olhos de qualquer ser humano independente de cor, credo, religião, sexualidade, naturalidade, posição social, e enxergamos as semelhanças, neste dia seremos uma sociedade. Por hora, somos animais em caça farejando as diferenças dos outros.

"O significado atribuído a uma diferença pode ser mais importante do que o fato de haver uma diferença"

SALVE!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Amores são flores são amores são flores


As tulipas são flores belas e representam o amor perfeito. Quando em clima tropical, pedem gelo para não morrer de calor. Para darem novas flores, seus bulbos devem morar no congelador por seis meses. Para durarem mais quando floridas, geladeira. 

Os amores perfeitos são sentimentos belos representados pelas tulipas. Quando em clima morno, pedem reciprocidade para não morrerem de tédio. Para darem novos frutos, suas sementes devem morar no coração por algum tempo. Para durarem mais quando amores, perfeitos.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Life is a challenge


O mundo me encara cheio de perguntas...

... e eu sem as respostas!

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Amar é...


Ainda não te contei que eu sei, que eu sempre soube, que você desligava o alarme logo que ele tocava só pra eu dormir mais um pouco. Você corria com as mãos apressadas a apertar o botãozinho que me rendia mais alguns minutos de paz antes do dia começar. Eu sempre achava que o despertador não funcionava, tamanho meu estado de torpor ao abrir os olhos junto com o apontar do sol, e você sempre foi a guardiã dos meus primeiros minutos do dia.

Assim como eu sabia que você cochichava no ouvido da sua mãe para ela não colocar coentro na comida só porque eu não gostava. Eu fingia que não ouvia para te dar o prazer da surpresa e para não alongar sua resolução rápida com sua mãe. E lá vinha a travessinha cheia de coentro picadinho pra cada um colocar na sua comida e eu não precisar guardar no cantinho do prato as folhinhas verdes que tanto desagradavam o meu paladar.

Eu sempre soube que seus carinhos mais incisivos quando íamos ao cinema eram só uma forma de me acordar delicadamente de um cochilo no meio do filme sem ter que confessar que me viu dar uma pescada e fechar os olhos no meio do mar de gente. Você me poupava da vergonha de admitir que eu havia dormido durante a sessão, já longa demais para o meu cansaço.

Eu já desconfiava que você tinha um truque para comprar minhas roupas e nunca errar. Até que eu te flagrei medindo o cós da calça jeans no seu pescoço e calçando um sapato alguns números menor para entender se a fôrma era grande ou pequena. Você descobriu as minhas medidas no seu corpo para me poupar das agonizantes tardes dentro de um shopping center.

Naquela tarde que eu te vi saboreando um prato de feijoada com especial atenção ao feijão preto, entendi que o feijão carioquinha de nossos almoços ao longo dos muitos anos eram um renúncia ao seu grão favorito. Você gostava mais do preto. E eu gostava mais do marrom. E minha vontade de impôs sem ao menos eu saber que era mais um de seus agrados.

Teve o episódio do relógio do carro adiantado em alguns minutos para me dar a sensação rara de chegar na hora. Meus atrasos consumiam um bocado da minha tranquilidade, e o relógio com algum avanço nos minutos, me fazia ser pontual mesmo sem querer. Você mexia no relógio sem me contar, e eu acabava chegando na hora certa, mesmo achando que estava atrasado.

Sem falar das noites em que dormi com a televisão ligada e o meu corpo todo entrelaçado ao seu. Você se desvencilhava das minhas pernas pesadas, retirava delicadamente o controle de minhas mãos e eu sequer acordava.

Você cuidava de mim até quando eu não notava. Mas eu sabia que tinha sempre ali uma mão pronta a ser estendida quando o meu passo vacilasse. Pequenos gestos que se multiplicavam em grandes sensações.

Amar pode ser simples...