quinta-feira, 9 de julho de 2009

E por falar em planos: sonhos.


Quantas vezes a gente adia um plano porque coloca condições demais para ele se realizar? É o dia de morar sozinho que nunca chega porque gasta menos morar na casa dos pais. É a aula de violão que nunca acontece porque dá cansaço demais depois do trabalho. É o treino de corrida que é adiado inúmeras vezes porque não deu tempo de comprar o tênis.

E nessa brincadeira, vamos adiando coisas bem sérias e acabamos sendo negligentes com aspectos fundamentais de nossas vidas.

É muito comum ouvir por aí: "quando eu tiver isso ou aquilo, eu vou ser feliz" ou "quando eu passar no concurso, aí sim eu vou ficar completo", "quando eu terminar o mestrado, eu me caso", "quando eu tiver um bom emprego, eu vou ter filhos". Vamos adiando desde coisas bem simples até questões cruciais de nossas vidas.

Tem horas em que é essencial ter um plano, uma meta. Isso eu não discuto. Sinto até uma pequena inveja das pessoas que conseguem se organizar e cumprem com suas metas de curto e longo prazo.

Mas daí a querer condicionar as variáveis da vida a algum acontecimento que pode nem acontecer, eu já acho demais. Se o objetivo é ter mais grana pra realizar um sonho antigo e, quando seu salário aumenta, você troca de carro ou começa a comprar coisas que antes não estavam no script e o plano fica em segundo plano, algo está errado.

Porque algumas coisas não têm hora pra acontecer. E ficar controlando demais, pode fechar muitas portas. Esse papo de "depois que eu me formar, e fizer a pós em outro país, e arrumar um trampo bacana, e tiver uma casa grande, e isso, e aquilo, aí vai ser a hora de arrumar um par pra dançar". Como assim? Como dá pra escolher a hora em que alguém entra em nossas vidas?

Já é tão difícil alguém fazer uma aterrissagem triunfal na nossa pista que fica complicado definir onde, quando e como. Gente, se aparecer, apareceu. Se for no meio da faculdade, muda junto pro país da pós. Se apareceu no meio da pós, mora junto até terminar o curso e depois escolhe aonde continuar o caminho. A vida é assim. Quando as oportunidades aparecem, não dá pra brincar de uni-duni-tê. Tem que agarrar logo e seguir em frente. Porque o mundo gira rápido demais e, se a gente não acompanhar, fica pra trás.

Escolher a hora de ser feliz significa adiar para sempre um estado de espírito que deveria estar presente, que deveria existir agora. "Eu era feliz e não sabia" é figurinha que não completa álbum de bons sentimentos. Tem que ser feliz e saber. E, acima de tudo, tem que escolher ser feliz independente do emprego chato, do carro velho, do amor que não chega, das gordurinhas a mais, da saudade, da comida insossa.

Não vale sair batendo as portas atrás de nós mesmos. Abrir portas é viver mais livre. Ter mais caminhos pra seguir é poder escolher, é depender de menos pra ser mais. Mais felizes e mais completos.

Um comentário:

Sebastian. disse...

Há uma lenda em que diz que a oportunidade é como se fosse uma pessoa careca, apenas com um 'tufo' de cabelo na testa (uma espécie de 'rabo de cavalo'), a qual deixa-se conquistar àqueles que a seguram por este tufo de cabelo. Isso porque quando ela aparece, deve-se agarrá-la de frente, pois depois que passa, não há mais como... não há cabelos para se segurar neles.