sábado, 29 de agosto de 2009

Ninguém AMA fazer faxina


Ninguém ama fazer faxina, faz porque precisa.

Assim como a casa fica empoeirada com o passar do tempo, ficamos nós com teias de aranha em nossos corpos, sem a boa e velha espanada no pó.

Tirar os medos, os receios e os traumas do passado significa entrar em contato com eles, revisitá-los. Significa sentí-los novamente. E dói retornar a certas águas passadas, a certos rios que deixamos no esquecimento, sem mover os moinhos.

Abandonar a dor é mergulhar em tudo o que a rodeia. Emergir após a pesada imersão nos torna mais seguros para seguir em frente, deixando para trás o peso do sentimento sem esquecer o aprendizado do processo.

A dor que não ensina, traumatiza. E de pequenos traumas fazemos grandes refúgios, correndo de certas experiências, certas pessoas e, por vezes, de nós mesmos. Passar por cima é adiar o encontro, é jogar a sujeira para debaixo do tapete.

A dor que carrega consigo a lição do ato ou do momento vivido leva a angústia e deixa a paz interior. Encarar o que te aflige afugenta os sentimentos indesejados e coroa a sabedoria de sermos quem somos em nossa integralidade.

Limpar a casa é lavar a alma. É arrastar os móveis e trocar tudo de lugar. É levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Parece fórmula simples, mas há de ser praticada com certa frequência. Exige comprometimento.

Uma boa faxina se faz após várias tentativas. Nas primeiras, fica um pouco do pó espalhado pelos inúmeros salões que percorremos internamente. Quando se pega o jeito, fica mais fácil varrer tudo da porta pra fora e abrigar as flores que chegam para encher a casa.

De alma limpa, o chão brilha mais.

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