sábado, 10 de abril de 2010

O calor da noite fria


Dormi sem escovar os dentes para não perder o gosto da noite. Trouxe para a cama o sabor do vinho que aquecia o corpo. As palavras cuidavam da alma. Não há chave-mestra melhor do que o verbo para abrir o coração. Portas escancaradas dão passagem a gestos amplos e transformam olhares.

O céu despejava asteróides para pedir desejos em troca. A lua minguava para sorrir. À noite, nem todos os gatos são pardos. Uns brilham mais que outros.

A história não se repete porque não tem o mesmo começo. Nem o mesmo fim. O princípio foi ontem, quando o hoje nem sonhava em existir.

De braços dados com as estrelas, subo uma escada imaginária para acender o sol. Esperar o dia novo é sempre uma forma de recomeçar.

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