domingo, 18 de janeiro de 2009

Redação pro Vestibular


REDAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA
Redija uma dissertação, apresentando argumentos que se contraponham à seguinte concepção de tempo expressa pelo poeta clássico Ovídio: o tempo, esse devorador de coisas.

Na sala do colégio onde estudei há 10 anos a cabeça fervilhava. 30 questões de espanhol, 120 questões de humanas e 30 linhas depois...

"Ontem nós éramos o que tu és, amanhã será o que nós somos". A frase que habita o portal de um cemitério perdido no espaço físico é uma máxima sobre a inexorabilidade do agente temporal. Sim, o tempo passa. E, em sua rota de desvarios, deixa incólumes as marcas do progresso. O tempo não apaga os grandes feitos, os grandes ditos, os grandes amores, as grandes obras. É como a tempestade que alaga cidades, mas não varre a alma do lugar. O que é sólido fica.

Desde muito ontem, sabemos do legado que ficou daqueles que aqui estavam antes de nós. Os seres e as coisas que nos antecederam não o fizeram sem deixar rastros. E, numa intrincada colcha de retalhos, tecemos a história do mundo. À medida em que passam os anos, vão sendo tecidas novas peças, de modo a conceber um alento para a memória de cada época: uma fôrma para unir os mais diversos conjuntos de conquistas da sociedade e aquecer o patrimônio imaterial de toda gente. E residem nesse emaranhado de registros toda e qualquer memória daquilo que a humanidade - e por que não, a natureza? - construiu.

O que seria das cidades atuais se não houvesse começado entre os gregos e romanos o estudo da arte da construção e dos estilos arquitetônicos? E dos grandes artistas, sem o princípio da técnica, dos meios e da finalidade da expressão? E da consciência, sem os primórdios da Filosofia?

A sociedade atual colhe os frutos de uma plantação sem começo e cujo fim pouco importa. Importante é fazer parte do processo, colhendo o que já foi plantado sem nos esquecer de germinar novas sementes. Porque o tempo passa, mas a árvore e suas raízes ficam.

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