domingo, 25 de janeiro de 2009

Regra de três composta: eu, você, o outro.


Visão. Audição. Olfato. Tato. Paladar. 

São cinco os sentidos. São milhares as formas de perceber o mundo. As imagens, os sons, os cheiros, o toque, os gostos. Com essa combinação a partir de uma fórmula tão simples, podemos sentir o que paira ao nosso redor. Sentimos medo de escuro, frio na barriga, frio de rachar. Sentimos que vamos morrer de fome, morrer de sono, morrer de chorar. Sentimos muitas coisas. Sentimos muito.

As pessoas se aproximam de nós e sentimos vontade de dar um passo pra frente ou para trás. Às vezes sentimos vontade de correr pro abraço, às vezes vontade de correr em outra direção. Às vezes sentimos vontade de correr pro abraço e acabamos correndo em outra direção. É uma forma de economizar sentimentos como se fossem frutos de uma fonte esgotável.

Os sentimentos e as diferentes formas de sentir nunca se esgotam. Não foram feitos pra serem guardados. Não são e não devem ser seus. Sentimentos transformam-se, migram, mudam, ganham novos significados. Sentimentos específicos por pessoas específicas, podem até acabar, mas a capacidade em sentir será uma companheira constante em nossa caminhada pela vida. Pra quê economizar, então? Fale mais sobre o que sente. Demonstre mais o que sente. Experimente o sentir. Veja novos horizontes, escute novos sons, sinta novos aromas, toque de verdade, prove novos sabores.

Tudo o que nos rodeia são estímulos. A alguns destes estímulos, reagimos. A outros não. A capacidade em reagir nos é inerente. Trocar informações e estímulos com o meio e com as pessoas inseridas no meio é uma questão de opção e não exige grande habilidade. Utilizar nosso potencial sensorial, isso sim é uma grande habilidade e, como tal, não nasce com todos nem pra todos, mas está ao alcance dos que procuram. Sentir é saber sentir. É internalizar os estímulos e intencionar furacões internos ao simples soprar do vento.

No teatro da nossa existência, podemos escolher o papel principal de nossas vidas ou apenas uma ponta ali no canto, pra passar despercebido em nossos palcos pessoais, desprezando a importância de se entregar ao personagem por inteiro. Ser coadjuvantes de nosso próprio caminho significa ser um amontoado de cordas que trabalham para animar aquele ser que não consegue aquilo que há de mais elementar em si, simplesmente ser. Somos marionetes até que sintamos. 

Temos a nosso favor a beleza de soltar as cordas e atar os laços a cada sentimento que surge dentro de nós, a cada nova sensação que experimentamos, a cada olhar profundo que trocamos. Cada vez que nosso coração bate um pouco mais acelerado porque fomos fisgados por alguma sensação verdadeira, uma corda se solta e vai nos dando a condição de dançar conforme a nossa própria música e seguir com o nosso próprio passo.

O não sentir aprisiona-nos em nós mesmos e nos priva da chance de conhecer o bater de asas de uma borboleta dentro do (nosso) estômago. Negligenciar os estímulos que chegam até nós e duvidar do potencial de provocação das pequenas coisas a nos rodear mantém as cordas nos rumando e nos reduz a meros títeres. Mergulhar na vida e desfrutar do real viver a cada dia mantém acesa em nós a chama da auto-consciência, o fogo do momento presente, a força do amor-próprio.

Apaixonar-se pela sensação de viver apaixonadamente é nutrir a constante vontade de ser melhor no mundo e para o mundo. Significa alargar sorrisos e estreitar encontros. É trazer para perto de si gente que quer unir-se a nós numa profusão de elementos que passam a orbitar ao redor do todo como se fôssemos elos de uma mesma corrente. Porque não há intersecção maior do que a união profunda.

Sentir é viver. Sentir pouco? Sinto muito.

2 comentários:

Unknown disse...

Belo texto!

... disse...

Bem vinda ao momento presente e a felicidade eterna! Sentir muito e sempre!!! Parabéns!

beijo