Passo o tempo a pensar. Quanto mais o tempo passa, mais eu penso em poder parar. Parar o giro da Terra para poder pensar. Pensar no mundo, pensar em tudo o que há no mundo. Pensar no que faz o mundo girar.
A roda percorre o mundo porque gira em si, sem olhar pro lado. Nós percorremos a vida quando saímos do eixo, sem um cálculo acertado. Estar para a roda, assim como a roda está para si, significa ficar dentro da prisão que faz o pulso diminuir.
O coração tem que acelerar para viver o seu pulsar. O batimento que dá vida não pode nunca parar. O coração tem que amar e odiar. Amar porque o faz sentir que tem vida. Odiar porque um amor só acaba quando seu antônimo chegar.
E quando um amor acaba, não há como recuperar. É cada um por si num mar de dor que só é dor porque tamanho era o amar. E no amor que era, não há como continuar. Porque amor tem que ser no presente. No passado, é duro penar. No futuro, não é amor, é imaginar.
E aquilo que um dia era uma coisa pra sempre, virou coisa pra trás num balaio de palha em que não cabe guardar. Cabe apenas um pouco daquilo que suja, a poeira vai escapar. A ampulheta da vida deixa escorrer a areia que escreve os nomes de dois pro mar apagar.
A maré, que vai e vem, leva o mar-de-rosas e traz o sol nascente. A luz chega com o dia, enquanto a noite escurece o quarto sombrio. O sonho esquenta a cama que esfria no hiato do abraço vazio.
Mais um dia se passa e fica mais longe o sofrer. Cada dia é um dia a mais na arte de viver. Somar dias de dor não faz bem pro amor. Ele chega a qualquer instante, sem nenhum rigor. Não feche as portas nem janelas, que esse moço que entra no coração ainda não aprendeu a pular os muros, não.
Um comentário:
Mas que ele está treinando pra pular, aaahhh, isso ele tá!!
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